O consumidor atual é cada vez mais exigente, preocupado e curioso com o que compra. Dado cada vez maior número de selos de certificação alimentar existentes, aprenda com a Mariana Guerra sobre a informação contida nestes rótulos, para uma melhor comunicação entre o produtor e o consumidor.
São várias as informações que podem constar na rotulagem, nomeadamente os selos de certificações. A informação descodificada por esses selos pode contribuir para a decisão de compra do produto.
Os diversos selos de certificação alimentar podem ser concedidos por organizações governamentais ou não governamentais, instituições, empresas ou associações e o objetivo é definir regras e padrões que permitam garantir a qualidade, a responsabilidade social, ambiental e transparência.
Cerca de 70% dos consumidores, não compreendem a informação dos rótulos, por isso, neste artigo vamos descodificar alguns dos selos e símbolos que estão presentes em muitos rótulos.
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Eurofolha
O símbolo da Eurofolha ajuda a identificar visualmente os produtos biológicos pré-embalados comercializados na UE.
Só é atribuído a produtos que tenham pelo menos 95% dos seus ingredientes de origem biológica. Para além disso não é permitido que o mesmo ingrediente esteja presente na forma biológica e não biológica e os ingredientes não podem ser alterados geneticamente. No caso de produtos alimentares que envolvam animais, tem de ser garantido que os animais foram bem tratados, estavam em recintos com espaço, são alimentados com alimentos para animais e não lhes é administrado antibióticos ou fatores de crescimento.
As exigências analisadas não dizem respeito apenas à etapa de produção como também ao processamento, transporte e armazenamento.
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V–Label
O selo V-Label foi lançado em 1996 pela União Vegetariana Europeia e é reconhecido internacionalmente na rotulagem de produtos vegetarianos e veganos.
Promove transparência e clareza sobre os ingredientes presentes, auxiliando os consumidores no momento da compra.
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DOP
Os Produtos de Denominação de Origem Protegida (DOP), são géneros alimentícios que são produzidos, processados e preparados segundo um procedimento reconhecido e estabelecido numa área geografia delimitada. Encontra-se o selo em produtos genuínos de uma região ou país, sendo essa localização que confere as qualidades que o distinguem dos demais.
Exemplos: Azeite de Moura, Presunto do Alentejo, Ameixa d’Elvas, Carne Barrosã, Maçã de Alcobaça, Queijo Serra da Estrela, Champagne, Roquefort [França], Prosecco, Presunto de Parma, Vinagre balsâmico de Modena [Itália].
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IGP
Os géneros alimentícios com Indicação Geográfica Protegida (IGP), estão conectados a uma área geográfica característica, mas apenas é necessário que uma das etapas ocorra nessa mesma região. É a sua origem que lhe atribui a reputação.
Exemplos: Ovos moles de Aveiro, Pastel de Chaves, Ginja de Óbidos, Pão de Ló de Ovar.
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ETG
Os géneros alimentícios com Especialidade Tradicional Garantida (EGT) destacam-se de outros produtos pela sua composição (ingredientes) ou procedimento tradicional de elaboração ou transformação.
Exemplo: O Bacalhau de cura tradicional portuguesa ou os Mexilhões de Bouchot [França], onde os mexilhões são cultivados em redes fixas em postes que estão no mar, ficando por isso sem areia.
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Fairtrade
O selo FAIRTRADE, significa comércio justo e é o símbolo ético mais reconhecido no Mundo.
O foco está em garantir a responsabilidade social – prática dos melhores preços para os produtores e consumidores, condições de trabalho têm de ser dignas – sustentabilidade e competitividade, tendo como objetivo a diminuição da pobreza pelo comércio, incidindo principalmente no hemisfério sul.
Esta certificação está muito associada ao cacau, café, chá e ao açúcar, seguindo estes 10 princípios do Fairtrade:
- Criar oportunidades para os produtores economicamente desfavorecidos
- Transparência e prestação de contas
- Práticas comerciais justas
- O pagamento de um preço justo
- Garantir que não exista trabalho infantil e trabalho forçado
- Compromisso com a não discriminação, igualdade de gênero e liberdade de associação
- Assegurar boas condições de trabalho
- Fornecimento de capacitação
- Promoção Trade Fair
- Respeito ao meio ambiente
Exemplos: Ben & Jerry’s, KAOKA, Delta Fairtrade, Cafédirect
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Rainforest Alliance
Se encontrar um selo com uma rã verde da Rainforest Alliance, significa que esse alimento provém de um cultivo sustentável.
O objetivo desta organização é proteger as florestas, melhorar a subsistência de agricultores e comunidades florestais, promover os direitos humanos e ajudar a mitigar a crise climática, na busca de um mundo onde as pessoas e a natureza prosperem em harmonia.
Dão importância à rastreabilidade completa das matérias-primas e lutam por melhores condições de trabalho para os trabalhadores, acesso à educação, proteção dos recursos naturais e da vida dos animais.
Encontra-se esta certificação em produtos como o café, cacau, chá, bananas e citrinos.
Exemplos: Nescafé, Nestea, Innocent, Lavazza, Magnun, Lipton.
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UTZ
O programa de certificação UTZ, que significa “bom” em língua maia, faz parte da Rainforest Alliance e debruça-se sobre a sustentabilidade de 3 produtos: café, cacau e chá, apoiando os agricultores da América do Sul e Africa.
Uma das formas de apoio é através de formações sobre boas praticas agrárias (produção com mais qualidade, rendimento e sustentabilidade), gestão ambiental e empresarial e segurança no trabalho. São também promovidas medidas para conservar os recursos, quer na plantação como na colheira.
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MSC
O selo Marine Stewardship Council (MSC) surgiu em resposta à sobrepesca e na tentativa de restabelecer o habitat marinho e as suas populações, esta organização analisa as práticas de pesca de várias empresas que se candidatam à obtenção deste selo, todas as suas políticas, procedimentos de gestão e educação. Se os critérios forem atendidos, a pesca será certificada com a etiqueta azul.
A etiqueta azul MSC encontra-se em peixe e mariscos selvagens provenientes de pesca certificadas de acordo com os padrões de normas do MSC. Essas normas visam a pesca sustentável, maior rendimento e a continuidade da oferta global de peixe e marisco. Enquanto consumidores, esta certificação permite-nos fazer uma escolha mais informada.
Para peixe de aquacultura, a certificação é feita pela Aquaculture Stewardship Council (ASC), devendo o consumidor procurar pela etiqueta verde.
Resumindo…
A certificação de qualidade de alimentos através deste e outros selos, quando realizada com transparência e credibilidade, é uma ajuda para o consumidor no momento de escolha por isso:
- Caso prefira optar por alimentos biológicos, procure o símbolo da Eurofolha (nos produtos não embalados como as frutas e vegetais comprados num mercado não irá encontrar o selo embora o produto também possa ser biológico);
- Se gosta de provar e consumir produtos típicos e tradicionais, fique atento aos selos DOP, IGP e ETG;
- Se ao comer um chocolate ou a beber café, não quiser contribuir para a escravatura, más condições de trabalho, trabalho infantil, remuneração injusta, ente outros problemas éticos e ambientais, opte pelos produtos com certificação Fairtrade, Rainforest Alliance ou UTZ;
- Se consumir peixe, prefira o que está certificado pelo MSC ou pelo ASC, caso seja de aquacultura.
Enquanto consumidores, as nossas escolhas são o nosso voto! Por isso compre o que está alinhado com os seus valores.
Mariana Guerra
Estudante de Ciências da Nutrição
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